Compreender a proposta artística de Juzé implica entender a tela como um campo de ação permeado por redes de cores e com uma lógica interna que expressa o mundo interior, toda a energia, o movimento e outras forças emocionais do artista.
Influenciado pelo Fauvismo e pela Action Painting, Juzé se apropria das pinceladas longas e espontâneas do primeiro para delimitar planos e criar sensações de profundidade. Do segundo, nutre-se de sua filosofia e da técnica do dripping ou gotejamento para trabalhar com o espaço e o tempo, não para ilustrar seus sentimentos, mas para oferecê-los como expressão direta e interna de seu próprio ser.
Formas estilizadas, cores brilhantes e vivas aplicadas diretamente à tela sem interferências de pincéis e sim com espátulas, figuras que emergem de dentro para fora, pinceladas ágeis e firmes que convertem seus quadros em grandes explosões de energia, que lhe permitem desbloquear-se para mostrar sua verdade interior e nos entregar esse instante de marca do processo criativo para convertê-lo no próprio objeto de arte; único e irrepetível.
Juzé não se detém em técnicas expressivas nem simbólicas, isto é, o processo de pintar é o conteúdo do quadro, não são imagens preconcebidas, mas acontecimentos pintados de maneira espontânea.
É um artista que gosta de implicar o espectador no que vê, ocupar todo seu campo de visão para introduzi-lo em suas composições, daí que seus quadros possuam um formato amplo e uma trama global como rede.
A obra deste artista é força, vitalidade e energia movida pela espontaneidade do gesto, a liberdade da cor e pelo "espaço de ação" da tela.
É uma obra que convida à observação tranquila e silenciosa, que nos desperta desde dentro, para compreender todo o universo sensorial do qual somos feitos.